Para nós, hoje acostumados com uma atmosfera solene e silenciosa nos
concertos, é difícil acreditar que nos teatros italianos dos séculos
XVII e XVIII, a plateia assistia às óperas e concertos em verdadeiro
caos, conversando, se provocando e até mesmo jantando durante as
apresentações! Toda a confusão apenas parava quando o grande solista da
noite se apresentava, como, na época dos Castrati, acontecia quando um grande nome como Cafarelli ou Farinelli apresentava uma de suas grandes árias do repertório.
Outra característica do público erudito é a exigência que se tem com
relação aos intérpretes - podendo ser até vaiados em apresentações - mas
também a devoção que demonstram àqueles que não carecem de qualidade -
numerosos são os "Bravíssimos!" a estes artistas.
A atmosfera do concerto sempre estará intimamente ligada à natureza
da música apresentada - talvez seja leve como uma comédia de Rossini ou tensa como as aventuras do Peer Gynt de Edward Grieg. O público erudito, como qualquer público de qualquer estilo de música, liga muito seus sentimentos àquilo que escuta.
Hoje também se tem um contato menos frio do artista-público. Hoje é
comum o maestro ou o solista se dirigirem à sua plateia, do mesmo jeito
que perdeu-se o costume de usar traje social nestes concertos - estas
atitudes tem, como principal objetivo, fazer com que a população toda
volte a ter mais contato com a música erudita e perca o preconceito de
que a música erudita seja "chata" ou para ricos.
E cada vez mais frequentemente, surgem os espetáculos que pretendem desmitificar esse lado "snob". Os concertos Promenade, na Inglaterra; a Folle Journée na França (em Nantes); a "Festa da Música" em Portugal, no Centro Cultural de Belém,
são iniciativas que marcam a democratização de um gênero musical que
faz, sem dúvida, parte do patrimônio cultural da humanidade.
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